quinta-feira, 29 de outubro de 2009

PUDIM (Martha Medeiros)
Não há nada que me deixe mais frustradado que pedir Pudim de sobremesa,contar os minutos até ele chegare aí ver o garçom colocar na minha frenteum pedacinho minúscula do meu pudim preferido.Uma só.Quanto mais sofisticado o restaurante,menor a porção da sobremesa.Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência,comprar um pudim bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantasvezes a gente quiser,sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.O PUDIM é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.A vida anda cheia de meias porções,de prazeres meia-boca,de aventuras pela metade.A gente sai pra jantar, mas come pouco.Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.Conquista a chamada liberdade sexual,mas tem que fingir que é difícil(a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').Adora tomar um banho demorado,mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD,esparramada no sofá,mas se obriga a ir malhar.E por aí vai.Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar',tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...Aí a vida vai ficando sem tempero,politicamente corretae existencialmente sem-graça,enquanto a gente vai ficando melancolicamentesem tesão...Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.Deixar de lado a régua,o compasso,a bússola,a balançae os 10 mandamentos.Ser ridícula, inadequada, incoerentee não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.Recusar prazeres incompletos e meias porções.Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebeloue disse uma frase mais ou menos assim:'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'...Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem,podemos (devemos?) desejarvários pedaços de pudim,bombons de muitos sabores,vários beijos bem dados,a água batendo sem pressa no corpo,o coração saciado.Um dia a gente cria juízo.Um dia.Não tem que ser agora.Por isso, garçom, por favor, me traga:um pudim inteiro, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order',uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente.OK?Não necessariamente nessa ordem.Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago...
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Não preciso nem dizer que sempre me identifico demais com os textos da MARAVILHOSA escritora que é a Martha Medeiros.
E eu quero muito ficar no sofá devorando um pudim de leite. AAAAAAH....minha vida por um pudim de leite só pra mim!
Meus posts estão meio que sendo apenas de Crtl+C, Crtl+V...
Logo voltarei a escrever!! Terei tempo pra me dedicar a quem merece muito: a mim mesma. Finalmente.
=)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Porque eu ADORO este escritor. Ele é um educador MARAVILHOSO!! Leiam seus livros!!
Aqui vai um texto dele. Um dos meus favoritos.


A arte de produzir fome

Rubem Alves – Educador e Psicanalista


Adélia Prado me ensina pedagogia. Diz ela: “não quero faca nem queijo; quero é fome”. O comer não começa com o queijo. O comer começa na fome de comer queijo. Se não tenho fome é inútil ter queijo. Mas se tenho fome de queijo e não tenho queijo, eu dou um jeito de arranjar um queijo...Sugeri, faz muitos anos, que, para se entrar numa escola, alunos e professores deveriam passar por uma cozinha. Os cozinheiros bem que podem dar lições aos professores. Foi na cozinha que a Babette e aTita realizaram suas feitiçarias... Se vocês, por acaso, ainda não as conhecem, tratem de conhecê-las: A Babette, no filme “A Festa de Babette”, e a Tita, em “Como Água para Chocolate”. Babete e Tita, comida que se serve. Eles se iniciam com a fome. A verdadeira cozinheira é aquela que sabe a arte de produzir fome...Quando vivi nos Estados Unidos, minha família e eu visitávamos, vez por outra, uma parenta distante, nascida na Alemanha. Seus hábitos germânicos eram rígidos e implacáveis.Não admitia que uma criança se recusasse a comer a comida que era servida. Meus dois filhos, meninos, movidos pelo medo, comiam em silêncio. Mas eu me lembro de uma vez em que, voltando para casa, foi preciso parar o carro para que vomitassem. Sem fome, o corpo se recusa a comer. Forçado, ele vomita.Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva. É a fome que põe em funcionamento o aparelho pensador.Fome é afeto. O pensamento nasce do afeto, nasce da fome. Não confundir afeto com beijinhos e carinhos. Afeto, do latim “affetare”, quer dizer “ir atrás”. É o movimento da alma na busca do objeto de sua fome. É o Eros platônico, a fome que faz a alma voar em busca do fruto sonhado.Eu era menino. Ao lado da pequena casa onde morava, havia uma casa com um pomar enorme que eu devorava com os olhos, olhando sobre o muro. Pois aconteceu que uma árvore cujos galhos chegavam a dois metros do muro se cobriu de frutinhas que eu não conhecia.Eram pequenas, redondas, vermelhas, brilhantes. A simples visão daquelas frutinhas vermelhas provocou o meu desejo. Eu queria comê-las.E foi então que, provocada pelo meu desejo, minha máquina de pensar se pôs a funcionar. Anote isso; o pensamento é a ponte que o corpo constrói a fim de chagar ao objeto do seu desejo.Se eu não tivesse visto e desejado as ditas frutinhas, minha máquina de pensar teria permanecido parada. Imagine se a vizinha, ao ver os meus olhos desejantes sobre o muro, com dó de mim, tivesse me dado um punhado das ditas frutinhas, as pitangas. Nesse caso, também minha máquina de pensar não teria funcionado. Meu desejo teria se realizado por meio de um atalho, sem que eu tivesse necessidade de pensar. Anote isso também: se o desejo for satisfeito, a máquina de pensar não pensa. Assim, realizando-se o desejo, o pensamento não acontece. A maneira mais fácil de abortar o pensamento é realizando o desejo. Esse é o pecado de muitos pais e professores que ensinam as respostas antes que tivesse havido perguntas.Provocada pelo meu desejo, minha máquina de pensar me fez um primeira sugestão, criminosa. “Pule o muro à noite e roube as pitangas.” Fruto, fruto, tão próximos... Sim, de fato era uma solução racional. O furto me levaria ao fruto desejado. Mas havia um senão: o medo. E se eu fosse pilhado no momento do meu furto? Assim, rejeitei o pensamento criminoso, pelo seu perigo.Mas o desejo continuou e minha máquina de pensar tratou de encontrar outra solução: “Construa uma maquineta de roubar pitangas”. McLuhan nos ensinou que todos os meios técnicos são extensões do corpo. Bicicletas são extensões das pernas, óculos são extensões dos olhos, facas são extensões das unhas.Uma maquineta de roubar pitangas teria de ser extensão do braço. Um braço comprido, com cerca de dois metros. Peguei um pedaço de bambu.Mas um braço comprido de bambu, sem uma mão, seria inútil: as pitangas cairiam.Achei um lata de massa de tomates vazia. Amarrei-a com um arame na ponta do bambu. E lhe fiz um dente, que funcionasse como um dedo que segura a fruta. Feita a minha máquina, apanhei todas as pitangas que quis e satisfiz meu desejo. Anote isso também: conhecimentos são extensões do corpo para realização do desejo.Imagine agora se eu, mudando-me para um apartamento no Rio de Janeiro, tivesse a idéia de ensinar ao menino meu vizinho a arte de fabricar maquinetas de roubar pitangas. Ele me olharia com desinteresse e pensaria que eu estava louco.No prédio, não havia pitangas para serem roubadas. A cabeça não pensa aquilo que o coração não pede. E anote isso também: conhecimentos que não são nascidos do desejo são como uma maravilhosa cozinha na casa de um homem que sofre de anorexia. Homem sem fome: o fogão nunca será aceso. O banquete nunca será servido.Dizia Miguel de Unamuno: “Saber por saber: isso é inumamo...” A tarefa do professor é a mesma da cozinheira: antes de dar faca e queijo ao aluno, provocar a fome...Se ele tiver fome, mesmo que não haja queijo, ele acabará por fazer uma maquineta de roubá-los. Toda tese acadêmica deveria ser isso: uma maquineta de roubar o objeto que se deseja...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

“Eu às vezes fico pensando em como seria se os brasileiros falassem. Se protestassem contra o que lhes fazem, se fizessem discursos indignados em todas as filas de matadouro, se cobrassem com veemência uma participação em tudo o que produzem para enriquecer os outros, reagissem a todas as mentiras que lhes dizem, reclamassem tudo que lhes foi negado e sonegado e se negassem a continuar sendo devorados, rotineiramente, em silêncio. Não é da sua natureza, eu sei, só estou especulando. Ainda seriam dominados por quem domina a linguagem e, além de tudo, sabe que fala mais alto o que nem boca tem, o dinheiro. Mas pelo menos não os comeriam com a mesma empáfia”.
(Luis Fernando Veríssimo, O Mundo é Bárbaro, pag. 46).
TPM!!!
Adoreei essa figura!! rsrs
A vida não deve ser uma viagem para o túmulo, com a intenção de chegar lá são e salvo, com um corpo atraente e bem preservado. Melhor enfiar o pé najaca - Cerveja em uma mão, tira-gosto na outra, muito sexo e um corpo completamente gasto, totalmente usado, gritando:VALEU A PENA!!! QUE VIAGEM!!!
Uhuuuuuuuuuuuuuuul! hehehe
Machista, mas engraçadinho!
Só pra dar início a minha nova fase!!
=)
Good vibee!!!!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

"Relacionamento pode ser comparado a uma linda caixa de presente: nunca sabemos o que está reservado para nós. Vamos desfazendo a linda fita e com cuidado abrindo a colorida caixa, certas de que ficaremos felizes e encantadas com a surpresa.
Não importa quantas vezes tenhamos amado, quantos presentes tenham sido trocados, quantas vezes dissemos “Feliz Natal”, porque independente de quantas sejam as cicatrizes que marcam o nosso coração já cansado, acreditamos que dessa vez é para sempre.
Uma vida sem amor é como um ano sem Natal."

=)